quinta-feira, abril 04, 2013

A dor me ser

afundo a mão entre as águas
trago seu remanso sobre o meu não saber delas
para recortar a lâmina úmida
acredito que haja um assovio
na lágrima que é lume sombrio
tremulando como alvéolos
teares nas chaminés do campo
quando a noite se enfraquece
no cio das aves
outro é o pão que alumia o dia
argila que se molda uma única vez
agora são rios os raios que se aquecem no frio
e se aconchegam e se verbalizam no silêncio – nada diria para que continuasses a dizer
tantos voos suspirando nesse vazio
onde a correnteza é o lar grave da margem
o anseio da ilha  – que me reste somente o que consigo beber dos seus leitos breves, como um círio raso e único...
quando a guarida é remo e rede,
quando não me disfarço de mim - sonrío.


Tere Tavares
http://m-eusoutros.blogspot.com.br/


em
Debaixo do Bulcão poezine
n.º 41 - Março 2103

1 comentário:

Tere Tavares disse...

Caro amigo de além-mar António, grata pela publicação, desejos de sucesso a mais esse número do Debaixo do Bulcão Poezine. Abraço, desde o Brasil!